O Sol da Califórnia

Se há alguma coisa que se aprende rapidamente em San Francisco são as constantes mudanças do clima. Pode estar a chover em Downtown e estar sol na Mission. Mais provavél é estar mau tempo na cidade de San Francisco e bom tempo na península. Foi o que hoje de manhã. Saí de casa com chuva miudinha e cheguei a Milbrae com sol. Como cheguei cedo, sentei-me ao sol à espera da boleia para o trabalho. E que quentinho que estava! Entro no carro com o meu orientador, o Miguel, e seguimos para Santa Cruz, a apanhar o sol da manhã, pela auto-estrada 280...

Tanto sol apanhei que, adivinhem lá, comecei a sangrar pelo nariz! O Miguel estava ao telemóvel com a Susete (orientadora em Portugal) e eu solto um "EEEEIIII"! Já tinha sangue no casaco e tentava criar uma poça de sangue com as mãos, para não sujar mais a roupa nem o carro. O Miguel tenta controlar o volante, o telemóvel e uns toalhetes da mochila da filha para eu tentar estancar o sangue e limpar-me. Enfio um toalhete pelo nariz, com os outros absorvo o sangue das mãos mas, como não estava a ter muito sucesso, o Miguel lá para o carro na berma, para eu controlar o nariz. Tinha sangue por todo o lado, que fui limpando com toalhetes e lenços de papel. O nariz já tinha uma rolha e não havia de sair mais nada durante os próximos minutos.

Estava eu a limpar as mãos ensanguentadas quando vejo um polícia a caminhar na minha direcção!
- Está tudo bem?
- Sim, está - respondi.
- Está a sangrar pelo nariz, tem a certeza que está tudo bem?
- Sim, foi do sol!
O polícia olha para o Miguel a limpar o sangue dos estofos e pergunta:
- Esta tudo bem, senhor?
- Sim, está tudo bem. Ele só está a sangrar do nariz mas está tudo bem - confirmou o Miguel.
- Então tem a certeza que está bem - volta a perguntar-me o polícia, para se certificar que eu não andei ao murro dentro do carro!
- Sim, claro...

Lá convencemos o polícia de que a razão por eu estar com as mãos cheias de sangue era acidental, provocada pelo Sol da Califórnia e não por algum tipo de violência... ou algum homicídio, sei lá o que terá passado pela cabeça daquele americano. Pelo menos não nos pediu para abrir o porta bagagens!