Para variar, hoje fui ao teatro. Estava indeciso, pois os bilhetes eram grátis (não eram oferta da CraigsList desta vez) e mesmo em San Francisco,
o que é barato tem rato...E não me enganei. Ou melhor... aquilo que fui ver tinha mesmo de ser grátis. Não era possível pedir dinheiro por aquele espectáculo. Era realmente um grande prazer e honra para eles a nossa presença! Eu explico melhor:
Shelton Theater é uma escola de actores e a peça que fui ver era
a oportunidade que 2 das 3 personagens tinham para fazer um papel principal. Sim, era a primeira vez que 2 daqueles jovens actores faziam um papel principal! Só por isto já ficou interessante. Pude analisar o seu trabalho, apanhar as falhas, reconhecer os grandes momentos de interpretação e aplaudir o resultado final de um curso que 2 anos nesta escola de teatro.
Outra coisa que me fez gostar da peça foi o tema:
Racismo. Os americanos são viciados em racismo! A peça era muito forte, dura e extrema em actos de racismo, fazendo mesmo uma espectadora afro-americana sair ao intervalo e pedir explicações à produção (para terem uma noção da violência do tema e a forma como estava a ser tratado). No final, o produtor pediu à plateia para ficar sentada, pois os actores viriam para uma conversa.
E assim foi. O produtor sentou-se com os 3 actores no palco a interagir com o público. Discutiu-se a interpretação, pormenores do guião e claro o tema da peça:
o racismo. Foi impressionante ver as reacções das pessoas ao racismo! Estava uma rapariga americana que tinha crescido na Dinamarca a contar a sua experiência com o racismo na Europa, dizendo que gostaria de educar os seus filhos sem distinguir pretos e brancos, para que a criança quando crescesse pudesse achar anormal haver discriminação racista (pois para ela eram iguais).
Eu não podia concordar mais com ela, mas parece que isto incendiou a plateia! A plateia achava que se devia ensinar à criança que existem brancos e pretos, os pretos são odiados devido a determinados factos culturais e sociológicos nos estados unidos e que isso não era razão para os odiar, devendo a criança tratar ambos com igualdade. Ora,
eu não podia estar mais em desacordo! Admitir que existe uma diferença é o primeiro passo para a discriminação. A diferença existe e é apenas estética. Não acho que as mães americanas ensinem aos filhos que existem crianças gordas e magras, mas que são todas iguais por dentro! Ou com crianças ruivas, morenas, sardentas....
Não sei se entendem o meu ponto de vista, mas
os americanos têm mesmo um grande problema com o racismo. Poderia ficar aqui em grandes discussões de racismo, invocando temas como a estereotipagem de pessoas e situações novas para o ser humano, mas esse não é o âmbito deste
blog.
Ah.. a peça chama-se
"This is how it goes" e eu gostei muito. Surpreendeu-me! Quando não se espera nada de alguma coisa e ela nos oferece algo, só podemos agradecer... Obrigado James e Elena, desejo-vos uma carreira de sucesso e parabéns pela interpretação.