Californing

Podem ver as minhas fotos online.

Friday, November 23, 2007

A história do Volvo Verde

Há dois meses, a Joana recebeu por empréstimo de uma colega de trabalho um carro. Foi o nosso fiel companheiro de viagem, chegando fazer 1500 milhas num fim-de-semana.


Quando a Joana foi embora, ela pediu à colega se eu podia ficar com o carro durante o fim-de-semana para a levar ao aeroporto. Sem nada para fazer na semana seguinte, aproveitei-me do carro para fazer a Rock Trip. Inventamos uma desculpa em como eu tinha percebido mal quando tinha de entregar o carro e usei-o na Rock Trip (só precisava que o carro se aguentasse mais uma semana...).

A viagem para Yosemite correu sem problemas mas 2 dias depois, eles apareceram. Uma seta começa a piscar no painel de instrumentos: problemas na transmição... O carro, de caixa automática, passou para winter mode, o que significa que as acelerações são muito lentas e a velocidade é baixa. Desligo o carro e não o consigo ligar mais. Só consegui acender mais uma luz de aviso: Check Engine. Eram 7h da manhã, estavamos a 2 milhas do acampamento e íamos escalar... quer dizer, fomos! Quando voltassemos logo se via.

Ao fim da tarde, o carro liga à primeira mas as luzes de aviso continuam lá. O carro anda bem, apesar de estar em winter mode e a luz Check Engine estar ligada. No dia seguinte ia fazer uma viagem grande, para sul e outra uns dias depois, por isso estes alertas assustaram-me um pouco, mas não me demoveram de continuar viagem.


Sigo então para Bishop assim com o carro. Havia de lá chegar. Fiz metade da viagem, montanha acima, sem problemas de transmissão mas na descida "salta" para winter mode. Nada de grave, até chegar a Bishop, onde teria de subir umas montanhas por estradas de terra, em que o winter mode já incomodava.


Apesar de mais lento, lá chegou ao seu destino. No dia seguinte, a viagem para LA decorreu sem mais problemas, mas no regresso a SF, mais uma luz acende: Service. O carro continuava a andar, e bem, mas o painel começava a ficar colorido!

Chegado a SF, tratei de informar a dona do carro de todo o azar que tinha tido no "dia em que cheguei das supostas férias e peguei no carro para ir às compras" (ganda peta). Ela compreendeu a situação e, sendo um carro já velho, aceitou que os problemas surgissem. "É normal", justificou ela. Aproveitei-me então da situação e pedi mais uns dias, para poder fazer as malas descansado.


No último dia, San Francisco dá-me um presente de despedida: uma multa para pagar. Aqui só se pode estacionar nas zonas residenciais se formos residentes, senão só por um período máximo de 2 horas. Já tinhamos apanhado 2 multas em LA, em Abril, de $35. Abro o envelope e vejo $100 no total! Era uma multa por não ter matrícula à frente!

Lavei o carro, comprei uma caixa de chocolates de agradecimento e lá fui entregar o carro, nestas condições. No entanto tinha o número do trabalho da dona do carro, portanto não a consegui contactar a noite toda! De manhã, no dia da partida, levanto-me às 6h e vou para a morada indicada, para ver se a apanho antes de ir para o trabalho, mas a morada é de um complexo de apartamentos e não sei o andar. Lembrei-me de consultar uma mensagem de voicemail antiga, pedir informações sobre a mensagem e apontar o número móvel. Problema resolvido. Conheci então a dona do carro e comecei por pedir desculpa por:

  • ter ficado com o carro por mais 1 semana;
  • não ter conseguido entregar o carro na véspera e ter de a acordar tão cedo;
  • entregar o carro com 2 luzes de aviso acesas, a precisar de manutenção;
  • uma multa de $100 por não ter matrícula;

Ela disse que o carro estava bom! Não ía pagar a multa pois ía para Boston (3100mi de San Francisco) no fim-de-semana para dar o carro à amiga e ela ía mudar as matrículas. Pediu-me então a chave do carro, dei-lhe a caixa de chocolates e regressei a pé a casa.

Moral da história: o Volvo é verde.

Rock Trip: Report

Esta Rock Trip foi a recompensa final depois de 9 meses de trabalho com apenas 1 dia de "férias" e alguns feriados. Uma semana a escalar nos mais famosos locais, sozinho, com aventuras e muita aleatoriedade à mistura!


Adorei a experiência de viajar sozinho, sem compromissos, sem limites (apertados) de tempo. A liberdade que temos, as pessoas que somos obrigados a conhecer para combater a solidão e a aventura que se proporciona levam-me a desejar repetir a experiência, quem sabe em circunstâncias mais extremas!

Ficam as fotos possíveis para quem viaja sozinho (com alguns comentários).
A única forma de aparecermos é mesmo esticar o braço e fazer um auto-retracto.

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Wednesday, November 14, 2007

Despedida

As férias da semana passada foi talvez a decisão mais acertada que fiz nos últimos meses. Desde que cheguei tenho andado num stress enorme, com prendas para comprar, malas para fazer (e não coube tudo...), conta do banco para fechar, arrumar a casa, despachar roupas e loiças...

A verdade é que não sei o que dizer no último post que escrevo a partir de San Francisco. Vou colocar mais alguns que ainda não tive tempo para escrever, colocar mais algumas fotos no picasa e darei por terminado este blog.

A todos os que me acompanharam nesta aventura, o meu muito obrigado por todo o suporte e atenção prestada.

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Saturday, November 10, 2007

Rock Trip: Day 6

Para o último dia das minha férias estavam reservadas fortes emoções. O plano era passar o dia no Six Flags: Magic Mountain. Primeiro ofereci-me para levar o Darren a LA, a casa de um amigo, que só voltava à noite. Depois de pensar um pouco, o Darren lá decidiu ir comigo para o Six Flags, em vez de passar 14h à porta de um apartamento em LA, à espera do amigo.

O bilhete custava $60, mas era possível pagar metade se encontrasse-mos a promoção correcta. passamos 1h30 à procura de uma lata de Coca-cola que nos dava 2 bilhetes pelo preço de 1. Depois de muito esforço, lá nos ofereceram uns cupões com 50% de desconto e entramos por $30.

Passamos o dia inteiro a ser mal tratados por todo o tipo de forças G, a sentir gravidade zero por muitos segundos e a apanhar grandes molhas em algumos percursos mais molhados...

Já de noite, vim deixar o Darren a LA, a casa do amigo, que afinal está no Arizona a acabar um jogo de hóquei no gelo e só chega depois da meia noite. Lembrado do episódio de condução do dia anterior, decidi ficar em casa dele (do desconhecido) e conduzir as 6h de viagem amanhã bem cedo. Mas como entrar em casa dele se ele não está lá? Ele vive num daqueles complexos de apartamentos, num 3ª andar, em Bel Air. Fácil: salta-se por cima da porta das escadas de emergência, salta-se das escaladas para a varanda do 3ª andar e abre-se a porta.


E pronto... cá estou eu na casa de um desconhecido, a escrever mais um post desta rock-trip. O que será que me reserva o dia de amanhã?

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Friday, November 09, 2007

Rock Trip: Day 5

Lembram-se de ter dito no post anterior que iríamos procurar um local para acampar? Esqueçam. O Darren (o rapaz da Tanzânia) telefonou a um conhecido dum amigo dele que vive em Bishop, chamado Paul, conhecido por dar abrigo a imensos escaladores que vão passando pela cidade. Tal como esperávamos, fomos bem recebidos (até estivemos a ver um filme com as 5 pessoas que vivem nessa casa) e ele ofereceu-nos lugar para dormir.

Colchão que partilhei com o Darren para uma boa noite de sono

No dia seguinte partimos à descoberta das gargantas do rio Owen, umas falésias de mais de 70m, em que os primeiros 40m eram uma espécie de rocha vulcânica. O tempo esteve mais uma vez excelente! Escalamos das 10h às 16h, pois às 17h fica noite. O Darren estava pouco motivado então fez-me segurança em 9 vias seguidas, tendo escalado um total de 12. A melhor, um 5.11d, quase que encadeava à vista, mas depois de 2 tentativas falhadas decidi experimentar outras vias e deixar os encadeamentos para quando estiver em forma. No entanto, nenhum dos nosso amigos foi capaz de encadear a via, pelo que se provou pelo menos que era uma via dura.

Garganta do rio Owen

Saidos da falésia, o Darren decide à última hora ir comigo para LA. Fazemo-nos à estrada já depois das 18h, contando chegar ao Motel 6 de LA perto das 23h. Foi uma longa viagem, com um susto pelo meio: ao chegar a LA, com o Darren já a dormir no "lugar do morto" e comigo bastante cansado depois de 12 vias e 4h de condução, começo a "pesar figos". Tento concentrar-me pois faltavam menos de 10min para chegar e, de repente, abro os olhos e reparo que estou a sair da auto-estrada, numa saída errada! Tinha adormecido ao volante! Lá dou umas voltas e 5min depois estava a fazer check-in no Motel 6...

Tomei um banho, 6 dias depois do último, e dormi numa cama com colchão, lençóis e almofada! O Darren fez o mesmo... pois já cheirava pior que um sem-abrigo (e como me custou aguentar o cheiro no início da viagem).

E foi assim o meu último dia de escalada, depois de 2 dias de boulder e 2 de clássica, nada melhor que queimar todas as energias na desportiva!

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Thursday, November 08, 2007

Rock Trip: Day 4

Este foi um dia cheio de coisas para contar, fruto da minha situação de aventureiro solitário! Ontem à noite, à luz da fogueira, conheci um escalador da Tazmania que me convenceu a vir para Bishop, fazer boulder com os amigos do Alaska.

Levantamo-nos cedo, guardamos tudo antes que o guarda do parque de campismo chegasse e pusemo-nos a caminho. Ficaram por pagar 2 noites, apesar de eu bem ter tentado pagar, mas o guarda chega depois de partirmos para a escalada e vai embora antes de chegarmos! Foi o que aconteceu hoje de manhã. No entanto quase que nos apanhava, pois o carro não arrancava! Quando finalmente arrancou, uma luz a dizer "Check Engine" acendeu no painel de instrumentos! A viagem seria de 3h, seguida por uma de 5h um dia depois e de uma de 7h três dias depois... por isso esta luz não era bom sinal. Depois de ler as instruções do carro, descobrimos que o carro continuaria a andar e lá seguimos viagem. Então lá fui eu mais um Tazmaniano para o meio do deserto, procurar 2 escaladores do Alaska e dois locais... Com alguma sorte à mistura, lá os encontramos!

Acabadinho de chagar a Bishop
Seguimos para a zona dos blocos para escalar mas estava toda a gente em modo de "descanso". Todos tinham dado o máximo no dia anterior e este dia deveria ser de descanso. No entanto eu não podia deixar passar a oportunidade de escalar em Bishop e atirei-me com a força toda aos blocos mais duros. Numa fantástica travessia chamada de Ironman, esfolei o polegar direito e perdi toda a vontade de continuar a escolar os dedos! Felizmente toda a gente decidiu fazer deste dia um dia de descanso e fomos procurar um relvado, no meio do deserto!

Dois dos meus novos amigos, perto de um bloco de Bishop

Depois de nos perdermos do carro dos nossos amigos locais por instantes, e sem telemóvel, lá encontramos este oasis onde montamos uma fantástica Slackline onde eu não consegui dar um passo sequer! Então lembrei-me que tinha um frizbee no carro e fizemos um fantástico jogo de Ultimate Frizbee na relva, até chegar à hora do happy hour num conhecido bar de Bishop, onde comemos uns fantásticos hamburgers por metade do preço!

Relvado no meio do deserto, onde fizemos slacklining e jogamos frizbee

Agora estou na berma da estrada, a roubar internet de um café, com o meu novo amigo da Tazmania. Vamos procurar um sítio para dormir no chão, perto do local onde amanhã vamos escalar, antes de seguirmos para LA.

Este dia foi muito surreal, com alguma aventura e muitas histórias para partilhar!

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Wednesday, November 07, 2007

Rock Trip: Day 3

Hoje foi um grande dia de escalada: Higher Cathedral Spire, directa! Tudo 5.9 duro de Yosemite (eu cotava um dos largos de 6b) e fundamentalmente fissuras onde era necessário o entalamento de mão e, num dos crux, entalamento de dedos! Muito divertido como podem imaginar.

Eu e o Dadid no cume!

Levantamo-nos cedo para iniciar a caminhada de 1h30 que nos levava ao primeiro largo (o mais fácil) desta escalda de 5 largos. Depois foi ver o David a cair em entaladores no crux do segundo largo: fissura do tamanho dos dedos! O terceiro reservava-nos uma chaminé bastante engraçada. No quarto encontramos travessia com muito ambiente (400m acima do chão) e no quinto uma fissura perfeita que nos levava ao cume!

No cume da Higher Cathedral Spire, com o El Capitan no fundo

O rappel foi uma pequena aventura, pois a nossa corda tinha 50m e o aconselhado seria 60m. Algumas destrepadelas um pouco expostas a muitos metros do chão levavam-nos ao próximo ramo de arbusto, para o rappel seguinte. Cada descida era uma incógnita, mas chegamos inteiros ao carro, 10h depois de o termos deixado!

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Tuesday, November 06, 2007

Rock Trip: Day 2

Hoje encontrei uns amigos do ginásio de San Francisco e fui fazer boulder o dia todo. Experimentei alguns dos problemas mais famosos do mundo e quase que encadeei o que dizem ser o melhor V4 de sempre: uma fissura extra-prumada!


Conheci uns escaladores do Alaska aos quais me devo juntar na quinta-feira em Bishop, para mais umas aventuras... Amanha vou escalar uma grande via que me vai levar o dia todo, com o meu novo amigo David que conheci no primeiro dia que cá cheguei. Prometo tirar fotos para depois mostrar.

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Monday, November 05, 2007

Rock Trip: Day 1

Depois de vegetar em San Francisco durante parte do fim-de-semana, decidi iniciar uma Road Trip / Rock Trip sozinho pelas estradas da Califórnia.

Estou em Yosemite onde já encontrei um escalador que me levou para um via clássica de 200 metros e da qual abri um largo! Amanhã devo fazer algum boulder e na quarta escalar uma via mais complicada e mais alta!

Tenda e cacifos à prova de ursos

Para já estou a adorar estas férias, apesar de ter passado muito frio esta noite! Amanhã vou tentar trazer algumas fotos e descobrir a temperatura que faz por aqui, à noite.

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Saturday, November 03, 2007

Deseja fazer outra transacção?

Reparei ontem que tinha d eixado o meu cartão de débito na ATM do BankOfAmerica. A máquina pergunta se queremos fazer mais transacções com o cartão depois de dar o dinheiro e o recibo. Nunca peço recibo, mas como precisava de saber o saldo, peguei no recibo e deixei o cartão na máquina, ficando no ar a pergunta "Deseja fazer mais transacções com o seu cartão?".


Consultei os movimentos de conta e nenhuma transacção ilegal tinha sido feita, portanto decidi não cancelar o cartão e ir hoje de manhã procurar por ele ao banco. Mal digo o que aconteceu tenho o seguinte diálogo:

BankOfAmerica: A que horas isso aconteceu?
Pedro: Ao fim da tarde, porquê?
BOA: É que ontem ao fim da tarde foi apanhado alguém a levantar dinheiro com um cartão que não era o dele!
Pedro: A sério? Mas como sabiam que o cartão não era o dele?
BOA: Alguém reparou que ele se aproveitou de alguém que se esqueceu do cartão na máquina e veio fazer-nos queixa. Nós chamamos a polícia e o sujeito foi identificado...
Pedro: Mas eu consultei os meus movimentos e não vi nada suspeito...
BOA: Então não deve ter sido você.. Vá então ali àquele balcão procurar pelo seu cartão.

Bem... que grande sorte! É que depois de dizer "Sim, desejo fazer mais transacções com o meu cartão" não é pedido o PIN novamente! Pelo menos não me roubaram dinheiro e ainda havia hipótese de recuperar o meu cartão para a derradeira semana.

Atende-me um senhor que mais parecia estar a fazer a limpeza do edifício do que atender clientes e pergunta-me o primeiro nome. Depois procura numa grande pilha de cartões pelo meu mas não o encontra. Depois vai à própria máquina e menos de 1 minuto depois pergunta-me se o o meu último nome é Queirós e devolve-me o cartão, sem pedir identificação sequer, juntado mais uns tantos à já enorme pilha...

As ATM's aqui são perigosas. Em Portugal temos de inserir novamente o PIN quando queremos realizar outras transacções com o cartão (é uma chatice não é?) ou então primeiro devolvem-nos o cartão e só depois o dinheiro (ninguém vai embora sem o dinheiro...). Podemo-nos gabar da nossa rede de MultiBanco.

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